sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Faroleiro

A promiscuidade das ideias martelava o vazio iluminado pelo farol,
era tão ôco e tão austéro que se perdia na efemeridade da paisagem.
Surgiam demasiado cedo sobretudo as que não queria;
aquelas, sobre coisas que não queria pensar ou sequer sentir!
Acordo subersaltado com o grito rouco de um homem
era o faroleiro, perguntava-me se estava bem,
não sabia o que lhe dizer, mal sabia quem era naquele momento
ou sequer o que estava ali a fazer, bem como em qualquer outro lado.
Só depois me começei a lembrar.
Haviamos fugido os dois à procura!
Não disseras ao certo do quê, mas confiei na tua confiança,
tu sim estavas seguro
via no brilho dos teus olhos que sabias o que procuravas.
Não me recordo do caminho, nem como o percorremos
a noite estava encantada tal como eu, por isso te perdi
algures durante a viagem dei por tua falta
mas achei que estavas sempre a meu lado,
disseste-me qual o caminho para o nosso porto de abrigo
e ao meu ouvido sussuraste onde era o farol.
Quando lá chegei, deitei-me e logo adormecemos abraçados
embora ja não estivesses junto de mim, eu sentia-te.
Então sonhei toda a madrugada contigo e com o que não queria.
Ainda hoje não sei como aqui vim parar
mas sei que o faroleiro e eu ainda hoje nos amamos
...









2004

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