terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Escreves o futuro num pano de bordar
com fio de ouro envelhecido
e na tua pele tacteias os pensamentos escorridos.
Nos teus beijos imaginários
a partilha de um mau presságio
e nos olhos já não és tu há muito, vejo agora um outro.

Esgueiras-te pela corrente fraca
remando por entre a vizinhança dura
sempre pronta a punir e esquartejar-te
quando inseguro e fraco.
Pela calçada sigo-te com tristeza
numa ligeireza atrapalhada.

Que bonito ficas com essa pele de lobo moribundo
deixando um rasto vermelho de sangue
onde ficam marcadas as pegadas dos desejos recalcados.
Foge, foge, esconde-te de nós
no refugio com ar de fortaleza bem guardada
por portas com grilhões e janelas gradeadas
onde espreitas e te lamentas em sussurro.





23-12-2009