quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dias quentes de Outono

O sol põem-se devagar
e tu no meu horizonte
em sossego deito a cabeça sobre o rio
esperando pelas tuas carícias para me embalar.
Os pensamentos tristes partem, para longe
na carruagem que ruma a oeste.
Sopra uma brisa suave
espalhando sem querer as limalhas dos desejos
que transbordo por ti descontroladamente.
Levas com elas na cara devagar,
sente-las?

Na azafama em redor
não te perco de vista por um momento
somente quando a vergonha me toca.
Num movimento suspenso só tu e eu existimos
nos intervalos dos momentos que partilhamos
com todos os outros em redor.
Naqueles momentos em que os olhares se cruzam
e os sorrisos se trocam em segredo
beijamo-nos em pensamentos enquanto aguardamos
tocamo-nos na pele quente dos corpos ofegantes
espelhados na retina um do outro,
continuamos à espera.

A tempestade já vai longe
dela sobrou apenas o eco da trovoada
feriu-me os tímpanos, mas não o coração.
Escondo segredos debaixo das telhas
aqui em frente bem perto de ti,
e no musgo deixo-te palavras
de todas as vezes que ali esfrego a boca
e da saliva escorreram copiosamente.
Estendo-me nas cordas aqui em frente,
não me deixes ali a secar,
Sabes, nestes dias quentes de Outono
tudo murcha quando não colhido na altura devida





23-09-2009

1 comentário: