segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um ligeiro recuo no tempo escorrido
e o derrapar de costas vertiginoso
no abandono de uma dor extenuante.

O autocarro pára
e eu saio onde tu entras,
atraído pelo chamamento fascinante.
Recostas-te embalado no banco do fundo
reconfortado pela ideia de luxuria.

Tantos broches por fazer
e tantos cus por comer
são muitas as paragens a percorrer
e tanto entusiasmo embriagante por satisfazer.

Patina sem saíres do mesmo sitio
no percurso que escolheste
deste sinuoso caminho até casa.

Quando em tudo isso te banhares
e de toda a merda te fartares
estarei aqui para te lavar e perfumar.

Anda rente ao chão com cuidado
enquanto caminhas descalço,
as pedras da calçada são bicudas,
lâminas afiadas em cada face
que nem línguas à espera dos teus pé para lamber.

No fim desta viagem
aguardo-te, encolhido e nauseado.
Envolto numa falsa caridade
e numa vontade altruísta de te cuidar,
de me recompor e compensar.


21-09-2011

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