segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Entranhaste-te em mim
como o musgo que cresce no canto deste quarto.
Viciaste-me em ti
de todas as vezes que me deste a beber-te.

Fecho as janelas
para atenuar a corrente de ar fria,
arrepia-se-me a pele, hoje faz frio aqui
e tu não estás cá para me aquecer.

Encho os ouvidos com os lençóis
para não ouvir o martelar do vazio,
o tecido é pequeno demais,
Nesta cama, agora estranhamente gigante
sou grão de areia trazido no fundo do bolso,
resquício de ontem.

Ainda ouço as ondas do mar
onde à noite nos desbaptizámos,
e na memória que guardo das tuas palavras
guardo a força da rebentação inesperada.

A maré subiu depressa demais
molhámos as calças sobre o luar
encadeante luz nocturna, turva tudo.

Já baixou esta água bruta,
reparaste que quatro vezes por dia a maré pára?
Dura pouco, mas guarda esse momento na tua memória
como se fosse a tua ultima hora de vida
repara o quanto é efémero e silencioso
e que cresce como este musgo, de dentro para fora.


13-09-2011

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